RESULTADOS

16/01/2011

GIOVANNI E CHEMMER CONCLUEM O 70.3 EM PUCON NO CHILE !!

No dia 16 de Janeiro (Domingo), os atletas Luis Claudio Giovanni e Ricardo Chemmer representaram a Trilopez no 70.3 em Pucon no Chile. Chemmer fechou a prova em 5h53´ e Giovanni em 5h59´. PARABÉNS DUPLA !!! Acompanhem abaixo os relatos sobre a prova de Ricardo Chemmer e Luis Claudio Giovanni: ""Hoje foi o dia do iron pucon ! O dia começou ruim, com um frio de rasgar a espinha e chuva forte com ventos de 40km... A natacao foi suspensa ! E no lugar colocaram uma corrida de 5km, mantendo o resto da prova igual (o que para mim foi péssimo pelo meu joelho). O lago estava parecendo mar estourando ondas... Começou a prova com 1hr de atraso. E os 5kms iniciais foram bem tranqüilos, mantendo um ritmo de 5:05/5:10 p km. A bike começou bem. Os ventos haviam diminuído, e tava impondo uma velocidade forte. Ai veio a merda da cucaracha(tipo de tartaruga de estrada pequena) que eu acertei em cheio ! Estourou meu pneu tubular no km 6 da bike. Minha vontade foi de chorar... Abandonar a prova... Mas comecei a tentar troca-lo mesmo desanimado... Via todo mundo me passando, e literalmente fiquei em último ! Não conseguia descolar o tubular, e fui perdendo tempo... ate que arranquei a blocagem da roda e a usei como alavanca ! Tirei o pneu, e uma lasca da minha roda ! Passaram-se 13 minutos de bike parada. Ai voltei pra corrida ! Fui alcançando bastante gente... Ai os ventos voltaram... Com frio absurdo e chuva de canivete ! Achei que nada mais podia acontecer de errado... Quando escutei mais um barulho.... Cara eu não tinha mais estepe !! Mas não era o pneu ! Qdo vi meu antebraço , tava chovendo GRANIZO ... Hahahha A chuva na parou mais, com ventos muito fortes e congelantes. Haviam descidas que a bike não passava de 27km...por causa do vento contrario. Mas consegui chegar no t2 , finalizando os 90k, recuperando muitas posições... quando pulei da bike, não sentia meus pés ! E meus dedos da mão estavam congelado.... Sem contar o sofrimento q foi soltar o capacete com os dedos gelados... Fui para os últimos 21km ! Nunca vi tanta subida em minha vida ! Mas jurei a mim não andar... E assim fiz. Mesmo na terceira volta de subida com cãibras na minha coxa esquerda... Tava cheio de gente incentivando... Estendendo a mão pra tocar em vc... Muito legal ! Terminei a prova em 5:40:35 (tempo descontando os 13 min de stop do meu garmin ) E o tempo oficial foi 5:53:15 ! Prova linda ! Mas tenho certeza que com sol, seria mais tranqüilo... Heheehehe Nunca mais vou esquecer as dificuldades superadas nesta brincadeira !"" CHEMMER A FORÇA DOS ELEMENTOS Quandou soube pela primeira vez do IM 70.3 Pucón pensei imediatamente na possibilidade. Afinal era considerada a prova de Triathlon mais bonita do mundo, e unir esta experiencia com alguns dias de férias seria ótimo. Sabia também pelos amigos que já a haviam feito que não seria fácil devido aos ventos e aclives. A preparação contou com muitas subidas da Biologia com HU. Treinar durante as festas de fim de ano não foi fácil, comprometendo ainda mais o pedal devido ao período de chuvas em São Paulo. E finalmente chegamos em Pucón, Que lugar lindo! O vulcão branco se destaca em meio ao verde vivo da vegetação. A cidade é pequena com muitas construções em madeira e decorada com flores multicolores. Um charme! Já no primeiro dia fomos, eu e Chemmer, testar a temperatura do lago. Apesar do dia nublado podíamos ver o fundo através da água cristalina. E nem tão gelada estava afinal, indicando que teríamos um nado tranquilo. Infelizmente sabíamos pela previsão do tempo que viria chuva pela frente, entretanto contávamos com a ineficiencia da meteorologia para nos ajudar. Que nada! O dia da prova amanheceu com uma tempestade aprumando. Estávamos na área de transição para pintura e últimos preparativos quando o tempo fechou de vez com chuvas torrenciais. Em pouco a organização anunciou através de megafones que a Armada Chilena havia suspenso o nado. Seria então um duathlon de 5km/90km/21km. Pensamos imediatamente que isso iria dificultar a prova devido às longas subidas no final. LARGADA Definitivamente correr antes de pedalar não é uma das minhas atividades preferidas. Principalmente no ritmo em que lagou a prova. Primeiros 5k fortes a 5:00 min/km fizemos eu e Chemmer lado a lado chegando na área coberta para uma transição tranquila. Afinal era só tirar o tenis e colocar o capacete pois já estávamos devidamente abrigados com manguitos, blusa e bandanas protegendo a cabeça. Esperávamos frio! PEDAL, PRIMEIRA VOLTA Largamos para o pedal cruzando a cidade, a chuva fria persistia mas ainda estávamos aquecidos pela corrida. Na saída da cidade Chemmer me passa e alguns quilometros adiante observo vários atletas com pneus furados. Logo em seguida entramos no descampado e o vento começou a rugir com força. Sem direção definida as turbulencias me impediam de montar no clip, obrigando-me a segurar com força a manopla. Na realidade estes ventos eram um preanúncio do que ainda estava por vir. A subida ininterrupta dificultava ainda mais o pedal. Logo após a volta, no início do retorno cruzo com Chemmer e ele grita que havia furado seu pneu. Sigo em frente enfrentando o vento e a chuva que já estava bem forte. O receio de soltar o guidão me fazia postergar a alimentação para trechos menos turbulentos. PEDAL, SEGUNDA VOLTA Passar pela cidade novamente com todos gritando e torcendo reavivou um pouco o animo fazendo-me esquecer temporariamente o frio. Mas foi por pouco pois assim que entrei no descampado a chuva piorou e a temperatura caiu drasticamente. As gotas geladas caiam com força sobre a pele parecendo agulhas. Minhas mãos começaram a congelar e já mal conseguia apertar o freio. A água da caramanhola parecia que havia saído do congelador, anestesiando a boca, já entorpecida. De repende ouço um barulho vindo das rodas e pensei logo que só me faltava um pneu furado. Na realidade era granizo que dificultava ainda mais as já rugosas estradas da região. A partir daí minhas mãos já não respondiam, o que me impossibilitava de me alimentar. As pontas dos pés doíam de forma impensável. Foram ainda 20km de agonia até a T2. SEGUNDA TRANSIÇÃO Senti que a situação estava séria quando tentando tirar o velcro da sapatinha, ainda sobre a bike, meus dedos não respondiam. A alternativa foi desmontar e ir caminhando até minha posição. Aí bateu o desespero pois não conseguia desafivelar o capacete, até que passou um segurança e pedi ajuda para tirá-lo. Então veio a decisão mais difícil: meus pés estavam tão congelados que caso continuasse com as meias encharcadas talvez não terminasse a corrida. Decidi enxugar os pés e trocar de meias mesmo com as mãos debilitadas. Seguiram-se quinze minutos de agonia e desespero pois não conseguia fazer o movimento de alicate com o polegar. Minha cabeça girava a cada segundo entre os pensamentos de abandonar ou seguir com a prova. Fiz o melhor possível e segui em frente. CORRIDA, PRIMEIRA VOLTA No início da corrida ainda não sentia meus pés. Lembrei dos tempos no exército quando corria de coturnos. Só que agora era muito pior pois eram de gelo. Com os pés congelados não havia amortecimento e cada pisada reverberava no cerebelo. Por vezes achei que iria quebrá-los. No final da primeira volta de 7k já começava a sentí-los novamente e tive que parar um par de vezes para ajustar as meias que ficaram mal ajambradas. Aí cruzei com o Chemmer que havia me passado na transição e aberto uns 10 minutos. Ritmo médio da primeira volta na casa dos 6:30. CORRIDA, SEGUNDA E TERCEIRA VOLTA Agora sim, já sentia pés e mãos e começei a imprimir um ritmo mais forte. Sabia que as subidas eram difíceis, mas não que eram tão cruéis. Cada volta tinha 4k em terreno acidentado seguidos de 3k no plano. O ritmo variava de 6:30 a 5:30, quando no plano descontava. Durante a última hora segui fazendo as contas para tentar fechar sub-six. Durante o último trecho plano de 3km imprimi um ritmo alucinante abaixo de 5:00 pois sabia que estava por segundos do meu objetivo. Final de 5:59:22; missão dada, missão cumprida! Dos 850 inscritos mais de 300 não terminaram a prova. Se o amigo leu este relato até aqui, pode estar pensando que nunca faria esta prova. Este não é o objetivo, pelo contrário. Algumas lições foram aprendidas. A primeira é a de sempre esperar o inesperado e nunca duvidar da força dos elementos. A segunda é a confirmação de que a dor e o desespero são passageiros mas a glória é eterna. E que venha o IronMan! GIOVANNI