ARTIGOS

11/06/2003

MEU REINO POR UM SEGUNDO A MENOS

“Pesquisadores invadem o estádio. Ganhar um milímetro ou um centésimo de segundo é um verdadeiro desafio que faz a massa vibrar. A bicicleta de Chris Boardman que em julho de 1993 bateu os recordes míticos de tempos ciclísticos de Jacques Anquetil (+ 6.111 metros), Eddy Merckx (+2.849 metros) ou Francesco Moser (+1.119 metros), necessitou de mais de 2 mil horas de aperfeiçoamento. Definida em um primeira versão pela Lótus, fabricante de automóveis para fórmula 1, ela foi adaptada pela sociedade francesa Corima, que concebeu o helicóptero de combate Tigre: Testes em túnel de vento registrados sob controle para conseguir o melhor perfil geométrico e o melhor coeficiente de penetração do ar, quadro monocoque de carbono Kevlar utilizado na aeronáutica, rodas de quatro pontos de apoio, manoplas à frente em lugar do garfo tradicional, diminuindo o peso da bicicleta para 7,1 quilos, graças a novos materiais, desenvolvendo 8,7 metros a cada pedalada... Em comparação, o pioneiro Henri Desgrange, dispunha de uma bicicleta pesando 15 quilos e desenvolvendo a cada pedalada 4,7 metros.

A partir da medida de Vo2 Max (Volume máximo de oxigênio), os cientistas podem determinar mais precisamente o desempenho que terá o atleta. O exemplo de Francesco Moser ilustra esta programação da façanha. O Professor Conconi e sua equipe médica da Universidade de Ferrana assistiram em 1984, o ciclista italiano durante a preparação de sua tentativa de bater o Recorde mundial da hora. Uma série de testes visou estabelecer o consumo de oxigênio, o ritmo cardíaco e a melhor posição sobre a bicicleta para elaborar métodos revolucionários de treinamento tendo por objetivo afastar o máximo possível o limite anaeróbio, isto é, o ponto crítico além do qual o coração não está mais em condições de conduzir um maior quantidade de oxigênio aos músculos. A velocidade atingida neste estágio determina o desempenho que o corredor deve, teoricamente obter. Seguros disso, Francesco Moser e seus vinte colaboradores, entre fisiologistas, bioquímicos, biomecânicos e especialistas em informática, puderam partir com toda serenidade para o México, local da prova já planejada nas curvas dos controladores. O recorde foi quebrado: 51.151Km, o primeiro ciclista a fazer em uma hora uma distância maior que os 50Km. O ciclismo sai engrandecido desses progressos atribuídos à pesquisa? Nesta condição o recorde é do homem, da bicicleta ou do cientista?

Antes da Segunda guerra mundial, o Tour de France era desumano: 4mil quilômetros em bicicletas pesadas, sem preparação nem cuidados médicos. Mas enquanto a duração média de vida na França na época, era de 46 anos, os vencedores do Tour (Garin, Magne, Leducq) morriam velhos, além dos 70 anos. Atualmente, com o advento do doping, a média de vida de um vencedor de tour não ultrapassa os 60 anos (Bodet, Riviére, Anquetil), é nitidamente inferior à duração de vida dos franceses (cerca de 72 anos). Entretanto, o ciclismo é e sempre será fator de melhora de saúde. 

Cabe somente a você a fazer sempre uma boa escolha, talvez ficando um pouco atrás, mas certamente indo bem mais longe.
O DOPING falseia a resultado desportivo, afasta os sinais de cansaço, abafa os sinais de alarme fundamentais ao organismo e permite aumentar a intensidade dos treinamentos. Os artifícios abalam gravemente a saúde, tanto em curto prazo com fraturas e tendinites, como em longo prazo como canceres ou distúrbios cardíacos. “

Texto enviado pelo triatleta da equipe José Camilo dos Santos